Yin e Yang

Depois da minha última postagem, recebi um e-mail do meu pai dizendo que tinha gostado muito do blog, mas me sugeriu "focar" mais nas questões da Acupuntura Estética. Na mesma semana, atendi uma paciente (e amiga) que, preocupada, sugeriu-me usar apenas "pontos na barriga", por que havia chegado atrasada...

Queridos, entendo a preocupação de vocês, mas gostaria de dizer que não há meio de conhecer a Acupuntura (e a Acupuntura Estética) sem ampliar muitos outros conceitos gerais; não há meio de tratar "a barriga" sem, às vezes, usar o "pé" - tudo faz parte de um todo, integrado e coeso, equilibrado e mutante.
Por isso, resolvi fazer algumas considerações sobre uma das várias correntes (ou escolas) do pensamento chinês: a do Yin e do Yang. É impossível falar de acupuntura sem que tenhamos esses conceitos entendidos.
A filosofia taoísta, base da Medicina Tradicional Chinesa (M.T.C.) e, portanto, da acupuntura, considera o mundo como um todo e esse todo é o resultado da unidade contraditória de dois princípios. Que esta oposição também cria o equilíbrio entre tudo e dá origem ao desenvolvimento e à transformação dos objetos, pois, segundo a tradição, há um Yin, há um Yang, não podendo haver um sem o outro, ou seja, o Yin contém o Yang e este aquele.

Quando olhamos ao nosso redor verificamos essa polaridade manifestada nos seres e em todas as coisas, cujos aspectos Yin e Yang podem ser exemplificados; olhemos para as Catedrais de Monet:

Estas pinturas fazem parte de uma série que Claude Monet fez . Todas retratam a Catedral de Ruão (Rouen Cathedral), pintadas em dias e horas diferentes... Nesta sequência, da esquerda para a direita e de cima para baixo, percebam como ela vai "tomando sol"... podemos dizer que ela fica com aparência mais Yang. Então, por contraposição, a primeira delas (a azulzinha) é a mais Yin!

Além da beleza, ela nos permite lembrar que na natureza existem ciclos - dia e noite, frio e calor, água e fogo, umidade e secura; eles se entrepõem, são opostos e complementares ao mesmo tempo.

Pronto, taí o fundamento de Yin-Yang! e aqui começa todo o entendimento da Medicina Tradicional Chinesa.

Prometo que na próxima vou postar mais barrigas, tá pai?

Coração - Shen

Esta é a imagem do papa Julio II, pintada por Rafael no Vaticano e que hoje "mora" na National Galery em Londres. Fui inspirada, quando a vi, pra falar sobre o entendimento do que é o Coração* para a Medicina Tradicional Chinesa (MTC).
Entender a MTC não é uma coisa tão fácil, uma vez que se fala de uma cultura e de uma vivência não inserida em nós, gerados e criados sob outra cultura. Portanto, entender a cultura e tentar sentir os ensinamentos nos faz compreender aos poucos o sentido desta medicina.
Notem: eu usei os verbos "entender" e "sentir"... Para o chines, isso é uma coisa só; e isso é uma faculdade que habita o Shen*, o coração, a mente-espírito (sem querer aqui colocar religião na panela). Falamos de anima!
O Shen* está no coração; é o coração físico e energético. Seu elemento é o Fogo e sua cor vermelha. Ocupa o lugar anatomico no Triplo Aquecedor Superior -se dissecarmos alguém, isso não é visto, mas para a Anatomia "Chinesa", este órgão-lugar (energético) existe.
Vejam o quadro: o papa, apesar de tristinho e prostado (ele estava gripado e morreu de gripe pouco tempo depois de Rafael ter começado a pinta-lo; aliás, Rafael quando terminou o papa já havia morrido); pois bem, o papa veste um manto vermelho que ocupa um lugar que poderíamos considerar o Triplo Aquecedor Superior (TA superior), é vermelho e passa a sensação de quente - to viajando muito? .... tomara!
O importante é usar a faculdade de entender e sentir... isso é do Shen*, isso é do coração... isso é arte!

Auto-retratos

Estava vendo o programa da Ophra hoje de manha na GNT e achei espetacular quando ela declarou que havia somado 18 kilos ao seu peso nos ultimos meses e que só conseguiu falar sobre isso abertamente depois de um "estalo" na consciência que a levou a admitir em público seu amor pelo seu corpo e também sua gratidão por estar com ele, por seu coração estar batendo e amando muita gente. Confessou ainda que só depois disso tem conseguido ter prazer em se cuidar, em fazer exercícios e se expressar. Não é demais?

Na hora me lembrei dos vários auto-retratos que já vi. Acho agora que eles fazem parte desse exercício de amor... Até eu to na lista!

O primeiro artista do Renascimento a realizar uma série de auto-retratos foi Albert Durer, que se retratava desde os 13 anos de idade, isso em 1484. Este daqui é de 1500, com casaco de peles e barbas longas, parecendo Jesus Cristo.

Rembrandt... esse aqui foi quem pintou, desenhou, gravou o maior número de auto-retratos...

Da Vinci, Da Vinci...

euzinha, euzinha...

O Nascimento da Vênus

Esta pintura do italiano Boticelli é de 1482 - na verdade ele levou cinco anos para completar esta obra. Pra mim, ela retrata Vênus que acabara de nascer recebendo o "espírito", vindo do casal que "sopra" ao seu lado e o amparo material do manto que irá cobri-la, pela figura feminina do outro lado. Assim é como a tradição chinesa "vê" a beleza - o caminho (ou o Tao) da beleza depende de aspectos internos -o "sopro', o espírito, os pensamentos; e externos, como a alimentação, a respiração e também cremes, tratamentos, maquiagens...

Mas, se cortarmos a figura ao meio, não podemos ver o todo, olha só:

só Vênus e a figura com o manto, o material...

ou só Vênus com o casal que assopra...

não vemos a beleza toda!

Beleza é sáude, saúde é beleza! Isso é equilíbrio, e é por aqui que a gente começa...

Seja bem vindo!